sábado, 30 de novembro de 2013

"Desafios da Cidadania Hoje"



Cidadania. Motivação. Desafios. Boas práticas. Empenho. Comprimisso. De tudo isto se falou, ontem, em lisboa, na faculdade de Direito no seminário: “Desafios da Cidadania Hoje”. Uma iniciativa da Comissão para a Cidadania da Cáritas Portuguesa que quis, desta forma, abrir um fórum de debate e diálogo sobre as mais variadas expressão de cidadania que se praticam hoje em todo o país.


Um conjunto alargado de diferentes projetos, que representam boas práticas, apresentou as suas experiências daquilo a que se poderá também chamar de “desenvolvimento local”. Ao promover este encontro, a Comissão para a cidadania da Cáritas Portuguesa, coordenado por Margarida Neto, quis trazer para a luz do dia projetos locais que revelam o empenho de cidadãos anónimos que se colocam ao serviço dos outros e que são assim construtores de um novo tecido social onde a solidariedade e o bem comum ocupam um lugar privilegiado.


Margarida Neto, sublinhou a importância de se trazer para este encontro projetos mais e menos conhecidos do grande público, com diferentes dimensões religiosas e politicas e em diferentes estádios de implementação.


Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, falou deste encontro como de um oportunidade para “rasgar novos caminhos na reflexão sobre o papel dos cidadãos na atual sociedade com todas as mudanças que ela tem sofrido no seu tecido social e politico e também religioso. "Conseguiremos cumprir a nossa missão, se formos capazes de convergir em tudo o que possa favorecer a concretização dos ideais democráticos".


A encerrar este encontro D. Manuel Clemente, patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, lamentou o facto deste debate estar a ser feito longe do grande público, sem o impacto que deveria merecer, por exemplo, pela comunicação social. D. Manuel sublinhou a importância deste debate alargado lembrando que os cristãos t~em esta responsabilidade acrescidade.



terça-feira, 26 de novembro de 2013

eu estou aqui!

Texto  de Paulo Rocha*

 

Foi a semana de: “eu estou aqui…”!
 

Pessoas, instituições e todos os meios de comunicação social cruzaram os dias desta semana com uma frase que apenas se intui. Não se ouve. Poucos descobriram as parcas palavras ditas em ambiente de delírios. Apenas o gesto, repetido. O suficiente para ser a “marca” do marcador. Não apenas de um golo. Mas do que ele representa no supermediatizado meio do futebol.
 
Cristiano Ronaldo disse “eu estou aqui” e Portugal inteiro, meio mundo bateu palmas… E bem, muito bem! Mas não é o único a dizer: “eu estou aqui”. Há muitos mais, sem palmas, sem o “circo” mediático, mas com o mesmo valor e a mesma relevância para a História de um povo, para Portugal.
Muitos portugueses e cidadãos de todo o mundo olharam para as Filipinas, viram a fome de um povo e a devastação de uma região quiseram ajudar e disseram: “eu estou aqui!”
 
Respeito pelos mais velhos, dignidade de vida dos pescadores, rejeição da eutanásia, louvor a quem vive com esperança e na contemplação o “amanhã de Deus” são algumas das muitas mensagens do Papa Francisco ao longo destes dias que em todas as circunstâncias diz: “eu estou aqui!”
Malala Yousafzai, com 16 anos, não se calou no momento em que era necessário lutar pela defesa dos direitos humanos no Paquistão e recebeu esta semana o prémio “Sakharov” atribuído pelo Parlamento Europeu onde disse: “eu estou aqui!”
 
A Conferência Episcopal Portuguesa publicou um documento onde escreve que o trabalho é para oferecer à pessoa dignidade e a todos o bem comum e não apenas para gerar lucro, afirmando assim: "eu estou aqui!"
 
A Cáritas, ao procurar novas estratégias para conseguir responder a quem precisa de ajuda, mobilizar voluntários e qualificar o trabalho que desenvolvem em muitos recantos, nestas e em todas as ocasiões diz: "eu estou aqui!"
 
Muitos portugueses, participando no debate público, na construção da democracia, lutam pelos direitos laborais, por melhores condições de vida, com o recurso à greve a partir de convicções pessoais ou pela sugestão de mecanismos sindicais, dizem “eu estou aqui!”
Nos próximos dias, muitos cidadãos irão, por certo, colaborar em mais uma campanha do Banco Alimentar contra a fome... outra oportunidade de dizer: “eu estou aqui!”
É importante, é histórico dizer, dizermos: "eu estou aqui!"
 
Todos... Também Ronaldo, claro!


* in Semanário Ecclesia, nº43 21 novembro de 2013

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Seminário | Desafios da Cidadania Hoje

Conheça o programa e participe!

Inscrições: aqui

Redescobrir as razões para viver em comum

texto de José Luís Gonçalves*


Com certeza que há ‘culpados’ na situação crítica em que nos encontramos como país, mas há, sobretudo, uma corresponsabilidade coletiva a partilhar: enclausurados nas ilusões do “mercado”, não percebemos a tempo as exigências que as profundas mudanças socioeconómicas nos colocavam pessoal e coletivamente: em poucas décadas passamos de um sociedade segura para uma sociedade de risco, vulnerável e precária. Embalados pela vertigem assistencialista, repousamos na solidez do “Estado de Bem-estar”, desligando-nos das instâncias sociocomunitárias de proximidade (associações e comunidades) e privadas (família), perdendo progressivamente o vínculo social e desistindo de procurar as razões que nos unem uns aos outros. Fechados num individualismo descomprometido, procuramos viver a ‘nossa liberdade’ em estilos de vida alternativos, redefinindo, assim, pertenças e lugares, e, com isso, também identidades: para nós, vale o que é útil e funciona. Nas últimas semanas esta mentalidade utilitária ganhou maior expressão na comunicação social onde o acontecimento se sobrepõe ao argumento e a urgência do uso público da razão tende a esfumar-se por entre as reivindicações mesquinhas de partidos e grupos que vão esgotando a esperança em projetos de vida alternativos. O reverso da medalha está à vista: desamparo, solidão, vulnerabilidade, exposição à exclusão, desilusão, desesperança… Este é o preço a pagar por uma pseudo-liberdade e cidadania vividas sem vínculo ou laço social! Por interesse ou comodismo, desligámo-nos uns dos outros!

Vivemos um tempo desafiador neste momento de vida coletiva: acreditar e refundar as razões para viver em comum é, agora, decisivo! Em tempos de incerteza social e de escassez de recursos, o desafio coletivo que enfrentamos pode formular-se nestes termos: como obter um equilíbrio entre a promoção da equidade (do que é justo para todos) e do reconhecimento (do que é válido para cada um)? Para estarmos de acordo sobre o que é justo e válido temos de ser capazes de redescobrir o que é o bem-comum! E o bem-comum só se descobre quando se está ligado vitalmente ao vizinho do prédio ou da rua, à comunidade de referência ou ao colega de trabalho por vínculos de sociabilidade que façam sentido. A noção de bem-comum – que não consiste na simples soma dos interesses particulares –, pressupõe o conjunto de condições da vida que possibilita aos grupos e a cada um dos seus membros o seu desenvolvimento integral.

Perante as opções políticas tradicionais de direita e esquerda, expressas, respetivamente, na dicotomia “mais Mercado” vs. “mais Estado”, devemos propor, então, “mais Sociedade Civil”. Em tempos de crise de confiança nos atores tradicionais da esfera pública (políticos, banqueiros, grupos corporativos…) só esta é capaz de instituir uma ação política que estabeleça referências suscetíveis de dar sentido e emprestar uma visão coerente e de futuro ao destino coletivo. Só um movimento de cidadania, a acontecer a partir das iniciativas dos grupos e associações de bairro, das comunidades de vizinhança, das ONG, IPSS, Igrejas, etc. é capaz de transformar atavismo e inércia em participação qualificada. Precisamos de reinventar as razões de vida em comum, redescobrir o que nos une, reinventar novas formas e modelos de convivência, de escuta, de diálogo sereno, de ação comum eficaz… Carecemos de práticas de cidadania alicerçadas em laços humanos diferenciadores: ainda que não sejam sólidos e definitivos, mas que sejam, contudo, conscientes e significativos. Dito de outra forma, necessitamos ligar ‘pessoas’ e ‘lugares’, dinamizando zonas de interação comuns, produzir lugares/tempos de encontro, visando a construção de uma solidariedade de razões que leve à criação de respostas criativas e inéditas de vida em comum, através dos valores da proximidade, de cidadania e de comunidade fomentadoras da coesão social.

*diretor da Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti, Porto, 12 abril 2011

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Quando falamos de "Cidadania" falamos de que?!



"Cidadania (do latim, civitas, "cidade") é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive.
O conceito de cidadania sempre esteve fortemente "ligado" à noção de direitos, especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos do Estado, participando de modo direto ou indireto na formação do governo e na sua administração, seja ao votar (indireto), seja ao concorrer a um cargo público (direto). No entanto, dentro de uma democracia, a própria definição de Direito, pressupõe a contrapartida de deveres, uma vez que em uma coletividade os direitos de um indivíduo são garantidos a partir do cumprimento dos deveres dos demais componentes da sociedade." (Wikipédia)