texto de: Rui Martins
«Mal seria, muito mal seria, que desejássemos uma
sociedade mais justa e mais capaz, mas sem nos convertemos realmente ao
bem comum de todos, que só assim será de cada um», vincou este domingo
o patriarca de Lisboa.
No primeiro domingo do Advento, tempo litúrgico que
apela à conversão tendo em vista a vinda de Cristo, D. Manuel Clemente
presidiu no mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, à missa em que ordenou
seis diáconos.
«Pois não é verdade que falta a muitos o que outros têm
demais, passando-se isto entre pessoas e povos inteiros? E que, tendo
demais, nem aos detentores aproveita, pois não obtêm assim nem a paz
nem a vida», questionou na homilia, publicada na página do Patriarcado
de Lisboa.
«Se, em Cristo, tivermos o coração no Deus de todos,
praticaremos a justiça, dando a cada um o que lhe é devido, e
saborearemos finalmente o dulcíssimo fruto da paz. A paz que será para
todas as nações, como magnificamente anunciou Isaías profeta, e que só
será nossa quando for universal», apontou.
Nas primeiras ordenações a que presidiu desde que foi
nomeado patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente lembrou uma frase que
disse quando entrou na diocese: «O mundo, este nosso mundo de hoje em
dia, precisa urgentemente de comunidades de acolhimento e missão».
O patriarca citou versos de Sophia de Mello Breyner
para evocar a atitude cristã da espera e da esperança, que conflui no
Advento:
«Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio / E
suportar e o tempo mais comprido. / Peço-Te que venhas e me dês a
liberdade, / Que um só dos Teus olhares me purifique e acabe. / Há
muitas coisas que eu não quero ver. / Peço-Te que sejas o presente. /
Peço-Te que inundes tudo. / E que o Teu reino antes do tempo venha / E
se derrame sobre a Terra / Em Primavera feroz precipitado».
O Advento é tempo de «conversão a Deus como adoração e
aos outros como partilha»: «Sendo a Bíblia Sagrada uma repetida e
insistente vocação, ela exige de cada um de nós uma perfeita e
constante disponibilidade para «deixar tudo» o que nos amarre aonde tão
facilmente nos distraímos do que mais importa. Distraímos e
retardamos, apossando-nos do que deveríamos partilhar, como quem se
entreajuda num caminho que havemos de trilhar em conjunto e com a
bagagem indispensável apenas».
Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
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