domingo, 1 de dezembro de 2013

Sociedade mais justa só é possível com conversão ao «bem comum»

texto de: Rui Martins

«Mal seria, muito mal seria, que desejássemos uma sociedade mais justa e mais capaz, mas sem nos convertemos realmente ao bem comum de todos, que só assim será de cada um», vincou este domingo o patriarca de Lisboa.

No primeiro domingo do Advento, tempo litúrgico que apela à conversão tendo em vista a vinda de Cristo, D. Manuel Clemente presidiu no mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, à missa em que ordenou seis diáconos.

«Pois não é verdade que falta a muitos o que outros têm demais, passando-se isto entre pessoas e povos inteiros? E que, tendo demais, nem aos detentores aproveita, pois não obtêm assim nem a paz nem a vida», questionou na homilia, publicada na página do Patriarcado de Lisboa.
«Se, em Cristo, tivermos o coração no Deus de todos, praticaremos a justiça, dando a cada um o que lhe é devido, e saborearemos finalmente o dulcíssimo fruto da paz. A paz que será para todas as nações, como magnificamente anunciou Isaías profeta, e que só será nossa quando for universal», apontou.

Nas primeiras ordenações a que presidiu desde que foi nomeado patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente lembrou uma frase que disse quando entrou na diocese: «O mundo, este nosso mundo de hoje em dia, precisa urgentemente de comunidades de acolhimento e missão».      

O patriarca citou versos de Sophia de Mello Breyner para evocar a atitude cristã da espera e da esperança, que conflui no Advento:

«Chamo-Te porque tudo está ainda no princípio / E suportar e o tempo mais comprido. / Peço-Te que venhas e me dês a liberdade, / Que um só dos Teus olhares me purifique e acabe. / Há muitas coisas que eu não quero ver. / Peço-Te que sejas o presente. / Peço-Te que inundes tudo. / E que o Teu reino antes do tempo venha / E se derrame sobre a Terra / Em Primavera feroz precipitado».

O Advento é tempo de «conversão a Deus como adoração e aos outros como partilha»: «Sendo a Bíblia Sagrada uma repetida e insistente vocação, ela exige de cada um de nós uma perfeita e constante disponibilidade para «deixar tudo» o que nos amarre aonde tão facilmente nos distraímos do que mais importa. Distraímos e retardamos, apossando-nos do que deveríamos partilhar, como quem se entreajuda num caminho que havemos de trilhar em conjunto e com a bagagem indispensável apenas».
 


Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

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